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Desilusão

Não sei se devo chamar de babaca?
Ou me calar?
Se vale a pena só para desabafar?
Ou simplesmente deletar?
Sentir-se acima do bem e do mal,
Pisando corações, só por não conhecer a dor?
Nem muito menos o amor?
Vou revelar, desabafar tudo que eu deveria ter dito.
Para não ter ficado o dito pelo não dito.
Também lhe achei uma merda de homem!
Nem beleza interior pude encontrar!
Seria mais um para conversar.
Mas seu papo chato,
Raso sem o mínimo de envolvimento;
Fez-me perceber mais os movimentos ,
Das pessoas que por mim passavam.
Viajei enquanto sua boca cuspia palavras.
Eu sonhava, estava longe...
Pensava no amor, num olhar.
Num toque apenas que me fez arrepiar.
Traí sua presença vazia!
Mas não traí minhas convicções.
Pois me alimento de amor!
E não sou a mulher que julgou ser a mendiga!
Aquela que suplicava seu amor.
Eu já estava amando,
Muito antes de encontrar com você.
Sinto, mas era o que eu tinha a dizer.
Mas pelo pouco que percebi,
Preferi transformar tudo em Arte;
Assim não perdi meu tempo.
Transformei sua inútil persona,
Em mais uma rica experiência.
Não se tira uma mulher para dançar;
Se não conhece nem a música,
E muito menos a mulher.
Serei inesquecível,
Pois tive a coragem de escrever;
Você como homem é apenas mais um.
Marta Vaz

Minha Verdade...


Diante da calamidade de um terremoto;
Tantos órfãos!!!
Tanta solidariedade impedida pela burocracia.

Quantos ainda vivos brotam da terra!

E quantos putrefatos sem terem um buraco apenas.

Vejo isso pela tela;

Uma prisioneira de mim.

Preciso de amor!

Seco diante da dor.

Sou órfão de família viva.

Fiz no musgo minha trilha,

E por ela sigo

Desde muito nova.

Sou uma andarilha;

Percorro aos cantos da minha mente.

Taxada de irresponsável;

Por não assumir os erros ou acertos de outros.
Não sou muito gregária.

Nem agrego-me com facilidade.

Acredito que alguém possa completar-me;
Bastar-me, por me querer de fato.

Não valorizo a grana de ninguém;

Nem carros novos ou caros perfumes.

Prefiro o cheiro do estrume;

Que fertiliza a terra

Ao iludir-me com coisas tão banais!

Gosto de flore!

Lembram amores e amantes.

Pena que secam tão rápido!

Como a vida dos escravos da beleza.

Assim como nas flores;

O que fica é o que toca no coração.

A verdadeira beleza está em ser seu ou sua;

Mas que seja feito de puro amor.

Marta Vaz

Imortal


A alma está calada,
Em mãos frias, geladas
Pairam dúvidas na mente

Onde estão as referências?
Solidão,
Sinto-me assim

Apenas o eu e mais ninguém.

Escuto a cada pensamento,

Sinto vida.
Nos momentos em que falta o ar

Nunca deixo-me ser vencida
 
Ou a tal morte me levar;

E ela segurou-me algumas vezes

Fez-me sentir sem chão

Mas neguei-me a segui-la

Não, agora não!

Cada dia uma nova vida

E quero mais.

Tenho fome de viver
Não tenho relógio,

Esqueço o tempo.

Encaro a cada momento,

Como sopros de esperança.

Por vezes desejei ser a criança
 

E ter um colo quente
Um afago, um copo de leite morno

Desejei mais gente.

Só para quebrar o silêncio,

E poder ressurgir nessa multidão.

Alguém?

É você!
Dei-me sua mão!

Para que não esqueça o toque 

Sinta-a em meus desejos,
Principalmente o beijo

Que será imortal em mim.

Marta Vaz

Busca


Sentimentos se confundem
Se fundem as minhas partes
Choro em absoluto silêncio
Escuto o meu coração
Cada lacuna, cada átrio
O fluxo do sangue a ferver
Alimentando cada desejo
Colorindo minha pele
Esfriando nas mãos
Tremulas ao ouvir a saudade
Ao sentir toda emoção retida
Derretida pelas notícias da TV
Sinto o pulsar de cada coração aflito
Reflito, procurando a solução
Para cada falta que me toca
para cada rosto que ao meu se reflete
Meus olhos fitam o desespero
E ao mesmo tempo ao infinito
Busco Deus nos semelhantes
Tão diferentes de mim
Talvez seja essa a principal lição
Amar ao meu próximo
Mesmo que a distância exista
Como que num dom
Aproximando todos pela busca
Encontrando mãos mesmo por vãos
Segurando-as pela fragilidade
Mas firmando-as e confirmando-as
Pelo amor que nos faz irmãos.
Marta Vaz

Um pedido, amor...


O amor acenou para mim...
Acendeu minha esperança;
Aquela de ser desejada como a uma criança,
Que nos fascina só de olhar.
Tanta doçura, pureza...
Paz, naquele olhar.
Era para acreditar?
Era para acreditar!
Eu estava viva, eu estava lá!
Era verdade!
Mas prevaleceu a relatividade.
Você não acreditou?
Sentiu medo?
Estava quase tudo em paz?
E você soltou minha mão na hora H...
Não sei, era para olhar e não desejar?!
Talvez aquele aceno fosse de adeus.
O tempo atravessou a minha rua;
A saudade estendeu-se,
como um tapete pelo chão.
Tive que pisar, precisava continuar.
E tenho um pedido à Deus:
Pai,
Permita que a mesma mão que acene
Seja a que sue e gele de amor,
E creia que tudo é pra valer
E que a tua vontade
Seja sempre única, a prevalecer.


Marta Vaz

No campo dos Girassóis


Estendi meus braços,
Senti o vento num abraço.
E meus cabelos embrenhavam nas flores!
Corri, corri para a liberdade;
Senti cada palmo dela...
E não escolhi colher nenhuma flor.
Todas um conjunto;
Formavam uma aguarela;
Camadas de cores tão belas!
Todas vibravam num só sentimento.
Todas representavam o amor.
O amarelo do Sol que explodia do meu peito,
O verdes a minha esperança renovada,
O azul de um céu em manto anil.
E o branco das nuvens como algodão,
Formavam figuras leves e fugazes.
Minha pele escorria óleo e essência...
Era tudo que existia em mim que evaporava;
Impregnando todo o campo com meu cheiro.
Cheiro dos Girassóis que buscam o amor.

Marta Vaz