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A Musa


A Musa do poeta é a dor
Ora vestida de saudade
outras embriagada de amor.
Ele a penetra profundamente,
Mergulhado em prazeres
goza poesia...
A Musa nua sorri.
Ele sempre a corresponde;
Prefere morrer a cada dia
Ao esgotar tamanho êxtase.

Marta Vaz

Original


Sou filha do vento
Marcante como pensamento
Não me pegue, nem me siga.
Solitária ou companheira
Mesmo passageira,
Sou Amor.
Marta Vaz

Gatilho da Alma


Novamente escuridão,
Suores frios, calafrios sem calma.
Fotos rasgadas nas prateleiras
Manchas do sangue que corre nas veias
Espalham-se nas paredes e chão.
Ela está fria,
Olhos brancos e parados
A música se repete na vitrola.
E o piano mudo é agora mais um
Num canto, sem o encanto que o acometia.
Pobres imortais artistas!
Que vestem Arte e estão tão nus em letras e canções!
São verdades ou ilusões?
Talvez suplicas imputadas aos dias
Gozo dos colóquios entre almas
Tão errantes quanto a minha ou a dela.
Não teríamos que ter fechado a janela?
Não!
O perfeito arroubo vem num assalto
Um salto, um passo em falso
E tudo pulsa novamente, tudo é quente
Olhos podem ser frios
Mas o olhar sempre será o gatilho ao êxtase.

Marta Vaz